Por Bianca Escrich, redatora na Way2 | 10 março, 2022 | 0 Comentário(s)
Modalidades tarifárias: o que são e como escolher a mais adequada
Modalidades tarifárias são um conjunto de tarifas aplicáveis ao consumo de energia elétrica e à demanda de potência, definidas de acordo com o grupo tarifário em que o consumidor está classificado. Entender qual a modalidade tarifária mais adequada para a sua empresa é essencial para otimizar os custos da fatura de energia elétrica, inclusive no segmento de Geração Distribuída
Diante de reajustes tarifários cada vez mais elevados é comum as empresas analisarem em detalhes a conta de energia, buscando alternativas para reduzir custos e garantir a sua lucratividade. No entanto, o sistema de tarifação de energia elétrica do Brasil é bastante complexo, dificultando seu entendimento na busca da melhor alternativa.
Muitas empresas não sabem que é possível fazer a gestão das suas faturas de energia com inteligência, para identificar um enquadramento tarifário mais adequado aos seus perfis de carga e subsidiar uma decisão de solicitar à distribuidora de energia a alteração da modalidade tarifária.
Para isso, é essencial conhecer as diferenças entre as modalidades e o impacto delas no perfil de consumo da empresa. Dessa forma, é possível avaliar uma mudança de enquadramento, ou de sua própria operação, realocando o uso da energia ao longo do dia, quando viável, para otimizar a fatura de energia elétrica, inclusive no segmento de Geração Distribuída.
Conheça os tipos de modalidades tarifárias
Existem diferentes modalidades tarifárias definidas e regulamentadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) de acordo com o consumo e demanda de potência da unidade consumidora. Para entendermos as modalidades tarifárias é importante revisarmos alguns conceitos importantes sobre o que é consumo e demanda de energia:
- Consumo é a quantidade de energia consumida no tempo. Por exemplo, se uma lâmpada de 15W permanece ligada por 4 horas, ela consumirá 60Wh;
- Demanda é a potência instantânea demandada por um equipamento ou conjunto de equipamentos, como por exemplo, toda a carga de uma unidade consumidora. Seguindo o exemplo da lâmpada, ela demanda 15W de energia enquanto está ligada. Duas lâmpadas de 15W, demandam juntas, 30W de potência enquanto ligadas.
Além disso, é preciso entender também sobre os grupos tarifários que os consumidores de energia estão classificados, levando em consideração a tensão em que são atendidos pelas distribuidoras de energia:
- Consumidores do Grupo A são os atendidos em média ou alta tensão, acima de 2,3 kV. Normalmente representados por empresas de médio ou grande porte como supermercados, atacarejos, indústrias, hospitais e/ou shoppings e que podem ser divididos em subgrupos de tensão;
- Consumidores do Grupo B são os consumidores atendidos em baixa tensão, abaixo de 2,3 kV. É nesse grupo que as residências, pequenos comércios, edifícios residenciais se enquadram.
Como funcionam as modalidades tarifárias?
Para aqueles enquadrados no grupo A, existem diferentes tipos de modalidades tarifárias:
- Verde: modalidade caracterizada por tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica de acordo com as horas de utilização do dia, e uma única tarifa de demanda de potência. Geralmente, enquadram-se nessa modalidade indústrias e estabelecimentos comerciais de médio ou grande porte a exemplo de supermercados;
- Azul: na modalidade Azul, são aplicadas tarifas diferenciadas de consumo e de demanda de acordo com o horário de utilização da energia no dia.
As tarifas são diferentes entre as unidades do grupo B:
- Tarifa Branca: a modalidade tarifária branca é caracterizada por tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica, de acordo com as horas de utilização do dia;
- Tarifa Convencional Monômia: tarifa única de consumo de energia, independente das horas de utilização do dia.
Como as modalidades tarifárias são aplicadas à Geração Distribuída?
A modalidade tarifária da unidade consumidora continua a mesma, tendo ela Geração Distribuída de energia ou não. Desta forma, a tarifa base sem impostos (TE + TUSD) por posto tarifário, se for o caso, será a mesma.
No caso da Geração Distribuída de energia, a diferença na cobrança se dará pela mudança na incidência de impostos entre a energia consumida não injetada (sobre a qual recaem todos os impostos) e a energia compensada, que isenta PIS e COFINS para energia injetada originária de unidades consumidoras de mesma titularidade, além do ICMS em alguns casos.
Como as bandeiras tarifárias são aplicadas à conta de energia elétrica?
As bandeiras tarifárias também são itens muito importantes presentes na fatura de energia, uma vez que são aplicadas a todos os grupos de consumidores. Exceto àqueles de sistemas isolados, que não fazem parte do Sistema Interligado Nacional (SIN). O acréscimo relativo a cada bandeira tarifária é determinado pela ANEEL e incide igualmente sobre as unidades consumidoras, independente das modalidades tarifárias e do horário de consumo.
No entanto, as bandeiras tarifárias podem ter descontos para os consumidores residenciais baixa-renda, beneficiários da Tarifa Social, e para as atividades de irrigação e aquicultura em horário reservado. Além disso, variam de acordo com os custos da geração de energia no país e são divididas em:
- Bandeira verde: aplicada quando as condições são favoráveis para a geração de energia. Neste caso, a tarifa não sofre nenhum acréscimo;
- Bandeira amarela: aplicada quando há condições menos favoráveis para a geração de energia. Assim, a tarifa sofrerá acréscimo de R$1,874 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumido;
- Bandeira vermelha – Patamar 1: neste caso, é aplicada quando os custos para geração de energia elétrica ficam mais caros e, portanto, a tarifa sofre acréscimo de R $3,971 para cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumido;
- Bandeira vermelha – Patamar 2: aplicada em condições ainda menos favoráveis e mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R $9,492 para cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumido;
- Bandeira escassez hídrica – Patamar Especial: criada para custear os custos excepcionais do acionamento de usinas térmicas e da importação de energia. Sua aplicação é feita com acréscimo de R $14,20 para cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumido.
Como escolher a modalidade tarifária mais adequada para o meu perfil de consumo?
Para entender qual a modalidade tarifária mais adequada, primeiro é necessário ter um entendimento claro de como o consumo e a demanda de energia ocorrem ao longo do dia. Apesar de parecer complexo, esse é um tema muito importante na hora de buscar possibilidades de redução de custos de energia.
O recomendado é realizar um estudo de perfil de consumo e de demanda para avaliar qual das modalidades tarifárias é a que apresenta a maior eficiência para a empresa. Para descobrir qual modalidade tarifária é a mais adequada para o meu perfil de carga, é preciso realizar simulações e levantamento das potências de máquinas instaladas para chegar ao valor ideal de demanda a ser contratada e verificar o consumo.
Tecnologia como aliada do monitoramento de consumo de energia
Hoje em dia, é possível adotar tecnologias que auxiliam no monitoramento do consumo em tempo real, fator que contribui para encontrar oportunidades de reenquadramento tarifário.
Um software de gestão de energia é exemplo de ferramenta que possibilita registrar e processar todo o comportamento de uma unidade consumidora ao longo do dia, identificando padrões de consumo e demanda de energia e onde os picos de maior uso estão alocados de forma ininterrupta e automatizada.
Ficou interessado em saber qual a modalidade tarifária ideal para o perfil de consumo da sua empresa? Entre em contato com um consultor da Way2 e esclareça possíveis dúvidas sobre o tema.