Por Livia Neves, redatora na Way2 | 6 maio, 2021 | 0 Comentário(s)
Ferramentas para gestão de indicadores de desempenho energético
Com cada vez mais informações geradas em cada processo, metodologias e tecnologias ajudam a focar os esforços de medição e análise em indicadores realmente estratégicos.
Quais são os indicadores mais adequados para aferir o sucesso da gestão energética praticada pela sua empresa? Quem trabalha com gestão de sistemas sabe que detalhes, como optar por um ou outro conjunto de indicadores, podem fazer grande diferença nos resultados das organizações.
Principalmente em um mundo em constante transformação, em que os dados são considerados o recurso mais valioso da economia global e que enfrenta o enorme desafio de criar uma economia neutra em emissões de CO2 até 2050, com mais de US$ 70 trilhões em ativos comprometidos com essa meta.
Todas essas mudanças e tendências devem ser consideradas ao se definir os indicadores mais adequados para testar e medir os resultados de um plano estratégico, o que pode contribuir inclusive para a organização responder mais rapidamente às novas metas, regulações e tendências sociais e políticas.
A eficiência energética é considerada um dos principais caminhos para contribuir com esse anseio social, regulatório e financeiro por soluções mais sustentáveis, baseadas em tecnologias inteligentes e menos desperdício.
Será que você já usa os recursos disponíveis para definir e monitorar os indicadores mais alinhados às metas do seu sistema de gestão energética? Neste artigo, destacamos estratégias, indicadores setoriais e softwares que podem ser úteis:
Planejar, executar, verificar e agir
O Ciclo PDCA (sigla para “Plan, do, check and act”, ou “Planejar, executar, verificar e agir”) é uma metodologia de gestão alinhada à necessidade de responder às mudanças de cenários, que foca na melhoria contínua de processos. A metodologia do ciclo PDCA consiste em:
- Planejar: mapear e entender o sistema sob gestão para definir objetivos, metas e ações como mudança de horários de equipamentos e máquinas;
- Executar: implementar as estratégias, inclusive instalando novas tecnologias de monitoramento para gerar indicadores, como medidores de consumo individuais;
- Verificar: monitorar os dados e identificar os gargalos para atingir metas;
- Agir: identificar o que deu certo, incorporando novas práticas, e ajustar o que precisa ser ajustado, inclusive iniciando o planejamento de um novo ciclo PDCA
Essa metodologia é referenciada na norma internacional que estabelece requisitos mínimos para a implantação de um Sistema de Gestão de Energia com melhoria contínua nas organizações, a ISO 50001. Os KPIs (sigla em inglês para Key Performance Indicator), conhecidos também como Indicadores-Chave de Desempenho, são uma parte estratégica do ciclo PDCA. Definir os KPIs do seu sistema de gestão é uma forma de priorizar, em meio à grande quantidade de dados disponíveis, a medição e análise de indicadores mais estratégicos para atingir as suas metas de gestão.
Indicadores de Desempenho Energético
Os KPIs são diferentes de acordo com o perfil de cada empresa ou organização, podendo refletir dados ligados aos processos, produtos e/ou serviços. Para um Sistema de Gestão Energética (SGE), por exemplo, a ISO 50001 recomenda o uso de Indicadores de Desempenho Energético (IDEs) para estabelecer as linhas de base de energia (EnBs), que são os referenciais de comparação para os resultados futuros do SGE.
Os IDEs (que são os KPIs de gestão de energia) mais básicos medem o consumo energético (kWh) por um determinado período de tempo (dia, mês, ano). Mas frequentemente é necessário estabelecer mais parâmetros, como consumo de energia por peso ou quantidade de produção (kWh/ton, kWh/peça) ou ainda por área (kWh/m²), por pessoas (kWh/pessoa), por equipamento, etc.
O mapeamento das fontes e dos usos da energia realizado durante o planejamento da gestão energética ajudará a apontar os melhores indicadores.
Além de quantidade de energia consumida, indicadores de desempenho energético podem refletir índices derivados, processos transitórios e modelos estatísticos. Alguns outros exemplos de indicadores-chave de desempenho energético são:
- Consumo de energia para iluminação;
- Consumo de combustível das caldeiras;
- Pico da demanda de eletricidade;
- kWh/ton de produção;
- kWh/m2 de espaço físico;
- Litros de combustível por passageiro/quilômetro;
- A eficiência da conversão de uma caldeira (%);
- Potência de entrada (por exemplo, “a taxa de calor” em instalações de geração de energia);
- A energia utilizada no processo de produção, sistema de energia ou edifício de instalação onde há uma variação considerável em uma única variável (taxa de produção, refrigeração ou demanda de vapor, variação da ocupação do edifício);
- A energia utilizada no processo de produção, sistema de energia ou construção de instalações com múltiplas variáveis relevantes que afetam a energia (ou seja, diferentes tipos de produtos, teor de umidade, tempo ao ar livre);
- Edificios onde a interação das horas de funcionamento de um conjunto em relação ao outro e a existência de sistemas de climatização centrais, em vez de sistemas suite-by-suite, mudam o efeito da variável, ou onde as necessidades dos inquilinos podem variar de ano para ano;
- Sistemas de geração de energia industrial ou onde os cálculos de engenharia ou simulações permitem o ajuste para mudanças em variáveis relevantes e suas interações.
A combinação desse conjunto de indicadores permite uma análise mais integrada das variáveis de consumo, ajudando a estabelecer relações de causa e efeito nos processos energéticos.
Ferramentas e softwares para gestão de dados
Para sistematizar a coleta e a integração dos dados necessários para gerar e visualizar esses indicadores e acompanhar o histórico, além de desenhar possíveis cenários e criar alertas, existem algumas ferramentas de gestão disponíveis.
Há softwares que automatizam, analisam e reúnem esses indicadores-chave de desempenho energético. Essas ferramentas dão mais embasamento para a tomada de decisões e são especialmente indicadas para organizações nas quais a energia é um insumo estratégico.
Google Data Studio – O Google Data Studio é gratuito e é um facilitador de composição de relatórios e dashboards, que organiza as métricas recolhidas pelo usuário. Permite o compartilhamento em tempo real com outras pessoas e arquivamento em nuvem para proteção do material. Ele também facilita a criação de elementos visuais, como tabelas, infográficos e mapas.
PowerBI – Microsoft Power BI é a ferramenta de Business Intelligence da Microsoft. Com ela é possível consolidar, tornar coerentes e visuais as informações que se encontram em diversas fontes, desde uma pasta de trabalho do Excel, a arquivos localizados na nuvem. Essa ferramenta é uma coleção de serviços de software, aplicativos e conectores que trabalham juntos para transformar suas fontes de dados não relacionadas em informações coerentes, visualmente envolventes e interativas. Também tem uma versão gratuita.
Tableau – O Tableau é uma plataforma de Business Intelligence muito útil na análise de indicadores de desempenho. Com interface amigável e intuitiva, o Tableau pode ajudar a reduzir o tempo de elaboração de dashboards e relatórios. Nele você pode também integrar dados do Excel e do Google Analytics. Há uma versão gratuita disponível.
PowerHub: software para gestão inteligente de dados e indicadores de energia
Até agora falamos sobre ferramentas que podem te ajudar a reunir e analisar os indicadores de desempenho energético que a sua organização gera. É necessário destacar ainda que, além dos dados gerados pela própria organização, a combinação com dados setoriais externos também pode ser um diferencial estratégico.
É possível por exemplo comparar o perfil de consumo com diferentes faixas tarifárias, ou com o preço da energia no mercado de curto prazo (PLD), ao qual os consumidores livres podem ficar expostos.
Para um resultado ainda mais aprofundado e desenhado para o setor energético, a ferramenta PowerHub oferece diversas interfaces e APIs para os usuários combinarem. A ferramenta também possibilita a coleta, acompanhamento e análise do desempenho de indicadores dos usuários, que podem ser customizados em dashboards. O serviço pode incluir inclusive a instalação de IoT em máquinas e equipamentos para uma medição mais granular.
No PowerHub é possível criar alertas para monitorar de forma mais assertiva os indicadores. A plataforma permite também a integração de outras ferramentas, como o Power BI, para uma visão completa da gestão dos dados energéticos.