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Por Lívia Neves, redatora na Way2 | 2 julho, 2021 | 0 Comentário(s)

Eficiência energética no setor industrial

As ações de eficiência energética devem reduzir a quantidade de recursos naturais utilizados enquanto mantêm ou aumentam a produtividade e a qualidade de vida. As indústrias representaram 34% do consumo de energia elétrica no país em 2020.

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Ter uma gestão de eficiência energética adequada já é um requisito básico de competitividade para as indústrias no Brasil. Trocar a iluminação e equipamentos ou migrar para o mercado livre são apenas ações iniciais da gestão de energia, que deve ser uma busca constante por aprimoramentos. 

Neste artigo, vamos aprofundar a respeito de projetos de eficiência energética, metodologias e programas específicos para as indústrias que podem te ajudar a pensar além dessas ações iniciais. 

Porque a eficiência energética na indústria é indispensável

Mais que um diferencial competitivo, pensar em ações de eficiência energética e uma gestão de consumo de energia mais eficiente é um caminho necessário para todos os consumidores industriais

Atualmente, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE)  estima que o potencial de eficiência energética nas indústrias – ou seja, o volume de consumo que pode ser reduzido mantendo ou aumentando a produtividade – é de 10,9% em média – sendo 11,1% no consumo energético térmico e 9,8% em eletricidade. Cerâmica, Química e Alimentos e Bebidas são alguns dos setores industriais com maiores potenciais de eficiência energética.

As estimativas de potenciais ganhos de eficiência energética na indústria são dinâmicas e podem ser ainda mais expressivas com a incorporação de tecnologias mais eficientes, conforme a digitalização das unidades produtivas avança.  

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Entre 2005 e 2018, ações de eficiência energética no Brasil de todas as classes consumidoras representaram economias de 14% em média, também de acordo com a EPE – incluindo custos evitados com nova infraestrutura de geração, transmissão e distribuição. A indústria foi a classe consumidora que deu a contribuição mais discreta para esse indicador representando apenas 7% de economia, enquanto a classe residencial representou ganhos de eficiência energética de 21% no mesmo período. 

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Este é o caminho de ação para a transição energética e a redução de emissões de CO2 no setor de energia – que incluem também mudanças comportamentais, energias renováveis e captura e uso de carbono.

Essas linhas de ação podem se tornar alvo de políticas regulatórias e novas demandas de mercado. Ou seja, além de representar oportunidade de redução de custos, a eficiência energética também é mandatória para consumidores industriais que queiram se preparar para exigências futuras. 

Programa de Eficiência Energética e Norma ISO 50001

Alguns exemplos já existentes para incentivar a eficiência energética nas indústrias são o Programa de Eficiência Energética (PEE) e a norma internacional ISO 50001. O PEE é um programa regulamentado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que determina investimentos do setor elétrico em programas de eficiência energética que podem ser realizados em parceria com os consumidores de energia. 

O programa também envolve o selo Procel, que qualifica equipamentos e motores utilizados no setor, e pode abrir chamadas prioritárias de projetos realizados em setores específicos, como serviços públicos ou edificações, ou que incentivem uma tecnologia em particular, como geração solar distribuída. É importante observar as oportunidades e atualizações do programa para aproveitar oportunidades de financiamento de projetos pontuais de eficiência, como a troca de motores, que já teve chamada prioritária entre 2015 e 2018.

Já a ISO 50001 é uma norma que estabelece requisitos para a implantação de um Sistema de Gestão de Energia nas empresas, oferecendo um roteiro básico a ser seguido. Os grandes consumidores que realizarem as ações de eficiência energética indicadas pela norma podem obter a certificação internacional ISO 50001, além de garantir a redução de custos e de consumo de energia. Conquistar a certificação da ISO 50001 assegura ainda que as empresas cumprem padrões de eficiência energética, o que gera maior credibilidade perante aos clientes e investidores. 

Algumas das indústrias com plantas industriais no Brasil que foram certificadas após iniciativas setoriais (neste caso representadas pela Procobre) são a Coca Cola, Baxter, Bemis, L’Oréal, ThyssenKrupp, Ficosa do Brasil e Plastifluor.

Plano de gestão de energia inteligente

Para aproveitar essas oportunidades, é preciso traçar um plano de gestão de eficiência energética que possa ser integrado de forma contínua às operações e ao dia-a-dia das indústrias. Para isso, os gestores do consumo energético das indústrias devem analisar com estratégia, inteligência e tecnologia, para obter informações detalhadas e personalizadas de suas operações e de sua infraestrutura.

Para identificar o seu perfil de consumo e carga e diagnosticar um projeto de eficiência energética, os softwares de gerenciamento de energia são um recurso essencial. Isso porque tornam possível visualizar os dados de consumo de energia em tempo real, enquanto também fornecem indicadores confiáveis para um planejamento mais adequado de operação, manutenção e correção de desvios e ineficiências.

Com o mapeamento e monitoramento digital dos diversos pontos e unidades de consumo de um consumidor, ajuda também a determinar ações mais básicas de eficiência energética, como a substituição ou modernização de equipamentos e infraestrutura, que pode incluir troca de lâmpadas e automação no desligamento de linhas de produção. Um diagnóstico energético realizado por especialistas na área aliado à adoção de software de gestão de energia pode auxiliar seu negócio a identificar a necessidade de investir na modernização de equipamentos para consumo eficiente de energia.

De olho nos indicadores de desempenho energético

Com um bom software de gestão, é possível monitorar indicadores e atestar resultados. Mas é preciso também entender como definir os melhores indicadores de desempenho energético para cada setor industrial. Definir os KPIs do seu sistema de gestão é uma forma de priorizar, em meio à grande quantidade de dados disponíveis, a medição e análise de indicadores mais estratégicos para atingir as suas metas de gestão.

Excedente de energia

Um importante indicador de uso ineficiente de recursos energéticos é o excedente de energia reativa nas indústrias. Esse excedente é associado a:

  • Motores operando com pequenas cargas por muito tempo; 
  • Grande quantidade de motores de baixa potência (que podem ser substituídos por um número menor de motores mais potentes); 
  • Motores ou transformadores trabalhando superdimensionados;
  • Transformadores alimentando cargas pequenas;
  • Excesso de lâmpadas de descargas sem correção individual do fator de potência.

O fator de potência é calculado através da divisão da energia de potência ativa pela potência total ou aparente do sistema. Quanto mais próximo de 1 for o índice, menos energia reativa estará sendo consumida ou gerada pela unidade consumidora. A Aneel prevê multa caso os consumidores apresentem um fator de potência abaixo de 0,92. Instalar um banco de capacitores ou realizar uma readequação de motores podem ser soluções. Mas para evitar o pagamento dessa taxa tarifária, é importante fazer um estudo para identificar quais iniciativas são mais indicadas no seu caso

Geração Distribuída e Cogeração de energia

Muitas indústrias conseguem reduzir custos com a energia ao investir em geração própria de energia. A geração distribuída, com potência de até 5 MW, sempre de fontes renováveis, pode ser uma alternativa para pequenas unidades consumidoras de uma indústria se tornarem autossuficientes. 

Mas mesmo para consumidores intensivos que já migraram para o mercado livre, o aproveitamento de subprodutos da própria produção, como o licor negro, no caso da indústria de Papel e Celulose, pode ajudar a reduzir ainda mais os custos e a tornar o consumo mais eficiente. O vapor dos processos produtivos também pode ser reutilizado para produzir calor.

Mudança de cultura

A gestão eficiente da energia elétrica também envolve, além de modernização de equipamentos e adoção de novas tecnologias inteligentes, a mudança de comportamento da organização como um todo. É necessário que colaboradores sejam familiarizados com as metas e objetivos estabelecidos no plano de eficiência energética. 

Realizar reuniões periódicas para analisar indicadores e comparar metas, além de promover campanhas internas de engajamento podem ser ações importantes para que a indústria como um todo consiga reduzir seu consumo energético e se tornar mais eficiente.

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