Por Frederico Perillo e Francine Pisni, PO na Way2 e Gerente de Assuntos Regulatórios na AES Brasil | 1 dezembro, 2021 | 0 Comentário(s)
Atuação da medição anemométrica em parques eólicos
A medição anemométrica é umas das principais etapas no desenvolvimento de um parque eólico e o avanço das tecnologias contribuem para que a coleta dos dados seja cada vez mais precisa.
A expansão do mercado de geração centralizada no Brasil tem passado por mudanças estruturais nos últimos anos. A matriz elétrica brasileira, inicialmente constituída por hidrelétricas de pequeno e grande porte e por usinas termelétricas, vem se diversificando dia após dia. Essa diversificação das fontes de geração é fundamental para garantir a segurança energética, possibilitar a disponibilidade de energia, gerar competitividade e possível redução de preços, além de contribuir para que o país atravesse desafios conjunturais, como a crise hídrica.
Dentre as tecnologias que contribuíram para a diversificação estão as usinas eólicas. A fonte de geração centralizada é competitiva em leilões de geração e os projetos instalados já são 761, localizados majoritariamente nas regiões Nordeste e Sul. Apesar do crescimento ser recente, uma vez que a primeira turbina foi instalada em Fernando de Noronha em 1992, os ventos já são responsáveis por uma parcela considerável da eletricidade consumida: 10,96% da potência outorgada.
Se no primeiro semestre de 2021 as usinas eólicas responderam por 83% do acréscimo de potência da matriz, o ano de 2022 não deve ser diferente. É esperada a instalação de 89 usinas em 2022. 38% da capacidade instalada que será acrescida à matriz, considerando todas as fontes.
Da construção até a medição anemométrica de um parque eólico
Não é à toa que a medição anemométrica é uma das etapas iniciais e determinantes no processo de desenvolvimento de um parque eólico. Tais medições consistem na coleta de dados como direção e velocidade do vento, intensidade, temperatura e outras variáveis climáticas, que em conjunto promovem informações estratégicas e de grande valia desde a determinação da viabilidade de instalação de um projeto até a compreensão dos ventos futuros, além do cumprimento de regras junto à ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e ONS (Operador Nacional do Sistema).
É importante ressaltar a necessidade de toda a coleta de dados para o estudo e prospecção de uma área e um novo projeto. Conhecida a qualidade do vento, temos a necessidade de monitoramento e arquivamento dos dados de medição por, no mínimo, três anos para que possa ser realizada a certificação das medições anemométricas e da estimativa de produção anual de energia para obtenção da autorização de implantação e exploração de um novo parque eólico.
Vencida a etapa de autorização, inicia-se a construção do parque eólico que conta com a obrigação da instalação de uma torre anemométrica, a qual deve registrar dados que serão enviados oportunamente à ANEEL e ONS e obrigatoriamente à EPE, a depender de qual modelo de comercialização de energia. Tais registros e obrigações são relevantes não só para o cumprimento da norma em si, mas também para outros processos ao longo da operação da usina de geração como é o caso da constituição da estimativa de geração em momento de não geração do parque eólico (dados os famosos curtailments) para fins de solicitação de ressarcimento (constrained-off).
Ainda na operação do parque eólico, as medições corretas e acuradas permitem que a usina se mantenha dentro do seu limite de uso do sistema de transmissão ou distribuição. Dentre as melhores práticas, com a medição anemométrica ativa, podemos citar ainda o estudo do melhor momento para uma manutenção preventiva dos aerogeradores.
Por estes e outros vários aspectos que a medição anemométrica diligente é essencial para o gerador de energia eólica, como a AES Brasil que comercializa projetos de energia a longo prazo, pois permite evitar penalidades setoriais bem como otimizar a geração e, consequentemente, a receita do projeto.
Tecnologia para medição anemométrica
Um dos trunfos para o crescimento das fontes de geração eólica é o avanço das tecnologias de medição de energia e medição anemométrica. A coleta precisa dos dados de direção e velocidade do vento, temperatura, umidade, pressão e outras variáveis é rica para diversas finalidades, incluindo a obrigatoriedade de atendimento regulatório e a disponibilidade e confiabilidade das informações.
No âmbito regulatório, as regras de envio de dados anemométricos se aplicam para todos os projetos participantes de leilões de energia e usinas em operação. Os dados extraídos dos instrumentos de medição devem ser enviados para a EPE. Para correto cumprimento das normas, os índices de indisponibilidade de medição não podem ser superiores a 10% e 15% para projetos e parques em operação, respectivamente. Os níveis de integralização e constância das informações também são regulados pela EPE.
Valor da medição e da disponibilidade de dados anemométricos
A importância da confiabilidade nos dados de medição vai além do atendimento regulatório. A disponibilização de dados climatológicos relevantes é fundamental para otimizar a construção e operação dos empreendimentos. Dados coletados e exibidos de forma inteligente significam projetos assertivos e parques mais eficientes. As informações devem ser aliadas dos gestores de empreendimentos eólicos, afinal dados são a solução para qualquer organização e não o problema.
O vento é o combustível da usina. Por este motivo, a medição dos dados anemométricos é também insumo para o agente gerador. Equipes de projetos, medição, operação, manutenção, comercialização e outros setores podem consultar relatórios e dashboards com as informações das torres anemométricas e garantir a eficiência de toda operação.
Quer saber mais sobre medição anemométrica? Conheça o Serviço de Gestão e Operação das Medições para Faturamento da Way2 Tecnologia.
