Por Francielle Luiz, Analista Comercial na Way2 | 16 dezembro, 2019 | 0 Comentário(s)
Medições Anemométricas e Climatológicas: como mitigar riscos?
Com o monitoramento em tempo real das medições anemométricas, a adoção de boas práticas operacionais e o uso de tecnologia podem auxiliar na mitigação de riscos.
Parques eólicos vencedores de leilões promovidos pelo Ministério de Minas e Energia (MME) têm o compromisso regulatório de manter medições anemométricas e climatológicas e enviar os dados de medição à Empresa de Pesquisa Energética (EPE) durante o período de vigência do contrato.
O propósito dessa obrigatoriedade é a construção de um banco de dados permanente, confiável e referencial para estudos sobre a energia eólica e para o desenvolvimento de instrumental técnico voltado ao planejamento, à operação e à integração de novos parques ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Além do envio das medições ao órgão regulador quinzenalmente, é responsabilidade do agente garantir a consistência e disponibilidade desses dados. Aqueles que não cumprem a responsabilidade, ficam sujeitos a penalidades aplicadas pela EPE.
Caso seja informado pela EPE o descumprimento dessas obrigações referentes ao sistema de medição anemométrica, a penalidade é valorada em 1% da receita fixa mensal do empreendimento para cada mês de referência com descumprimento informado, acrescido do montante acumulado não pago dos meses passados, conforme fórmula abaixo:
Valor da penalidade = meses sem cumprimento contratual x 1% x receita fixa do parque*
As penalidades para medição anemométrica e climatológica
Vamos entender por este exemplo: se um parque tem a receita fixa de R$1.500.000,00 e, em abril de 2019 houve uma ultrapassagem do limite de 15% de indisponibilidade de um instrumento, até o fim daquele ano serão nove parcelas de R$15.000,00. Isso totalizaria um prejuízo de R$135.000,00 no faturamento do ano.
Há vários fatores que deixam as torres anemométricas e seus sensores sujeitos a desvios operacionais e a uma vida útil mais curta, como a exposição a tempestades, raios, descargas elétricas e radiação solar, além de ocorrências inerentes a equipamentos eletrônicos. Qualquer anomalia, seja qual for a causa ou origem, pode representar indisponibilidade de dados de medição e, consequentemente, penalidades.
Mesmo diante do risco, poucos são os empreendimentos que adotam processos de acompanhamento diário das medições, combinados a boas práticas preventivas. As multas se tornam então comuns, impactando a receita dos ativos.
Monitoramento da medição: um caminho possível
Um dos caminhos viáveis para se fazer uma gestão eficiente dos dados anemométricos e climatológicos, permitindo a prevenção de cenários indesejados, é o monitoramento em tempo real da medição. A telemetria com canal de comunicação confiável permite que seja criada uma rotina automatizada de coleta e análise de dados, visando à consistência e disponibilidade dessas informações.
A regulação prevê que nenhum sensor de uma torre anemométrica ultrapasse o limite de 15% de indisponibilidade no ano calendário ou 30 dias sem registro de medições. Por meio do monitoramento das medições e da aplicação de processos de validação, o tempo de resposta a problemas nos sensores diminui, trazendo maior assertividade, planejamento financeiro e total controle sobre o estado da torre anemométrica.
Como a tecnologia aplicada aos dados anemométricos auxilia na mitigação de riscos de penalidade?
A aplicação de inteligência aos dados, por meio de tecnologias específicas para realizar validações de consistência, tem influência direta no tempo de reação a ocorrências que necessitam de manutenção. Se a rotina operacional prevê que a análise e coleta das medições seja realizada somente uma vez na quinzena, o risco de identificar um problema tardiamente é alto, já que durante no mínimo 15 dias não haverá verificação de dados.
Além disso, o acesso às torres exige planejamento para o deslocamento e normalmente não há um estoque dos equipamentos utilizados. Todos são fatores que contribuem para um cenário de penalidade.
Vale destacar que os sistemas de alarmes presentes nas tecnologias para monitoramento da medição atuam sobre os dados que efetivamente serão enviados à EPE. Assim, quando bem configurados, podem apontar eventos importantes para manutenção preventiva dos sensores e demais equipamentos periféricos.
A identificação e o diagnóstico de comportamentos anômalos das medições anemométricas, incluindo erros de configuração e avaria de sensores, são pontos cruciais para uma rotina operacional satisfatória, que garanta a consistência dos dados e mitigue os riscos de penalidade.
Monitorar dados para prevenir e agir com segurança
O monitoramento permite a gestão dos dados em tempo real e integral, a validação inteligente dessas informações e a identificação de qualquer desvio que demande medidas preventivas ou corretivas, em tempo hábil. Além de assegurar a disponibilidade dos dados, os gestores têm a vantagem de concentrar as informações da medição em uma única plataforma de onde podem extrair relatórios customizados.
Monitorar as medições anemométricas também gera insumos para elaboração de dashboards com indicadores para metrificar a eficiência operacional com base nos dados de Geração e dados Anemométricos, assim como indicadores que apoiam na previsão de geração, acompanhamento da performance da curva de geração do empreendimento e planejamento do melhor momento para realizar manutenções nos aerogeradores, por exemplo.
*adaptado de Receita de Venda de CCEAR Algébrico 2017.1.0